Já falei aqui sobre cálculo da pegada ecológica, que pode ser definido como o resultado matemático do impacto individual ou coletivo deixado pelas pessoas na Natureza, a partir das suas escolhas de consumo.

O lixo foi dado como exemplo de impacto ambiental negativo, pois é o resíduo daquilo que consumimos, ou seja, das ações antrópicas sobre o meio ambiente (1).

Vemos que tudo orbita a ação humana quando analisamos a Natureza, pois nossas marcas estão impressas nela significativamente, a ponto de iniciarmos um processo de alteração climática planetária.

Sendo significativo e, tudo leva a crer, que será perene, recebeu uma classificação científica: período ou conceito Antropoceno (2), uma época informal do Quaternário proposta por alguns cientistas sociais, ambientalistas e geólogos.

Define-se como “a época em que as ações humanas começaram a provocar alterações biofísicas em escala planetária”. O conceito, criado na década de 80, é também designada por — nova época geológica — por descrever o período mais recente na história do Planeta Terra.

No universo destrutivo do lixo descartado, poluições e impactos permanentes, encontramos a grande vilã, a poluição plástica. Nós o criamos, dependemos dele e agora ele nos ameaça — Plástico e sua derivação, o Darth Vader dos poluentes, o micro plástico.

Sua ameaça além de real é onipresente. Estamos bebendo, comendo micro plástico. Ele foi encontrado no leite materno. Em alguns lugares chove micro plástico e respirá-lo é uma consequência terrível. Como todo esse plástico atua em nosso organismo? Não sabemos, mas com certeza não faz bem agora e não será benéfico para as futuras gerações.

Parece ficção, mas está acontecendo. Do plástico vem o micro plástico que é minúsculo e mortal, pois está contaminando toda cadeia alimentar, inclusive ao nível microscópico, sufocando os oceanos e consequentemente os seres vivos. Outra consequência apreensiva da poluição plástica nos oceanos, costões marítimos, ilhas, foi catalogada pelos cientistas. Estão sendo registrados casos de contaminação por micro plástico não biodegradável em filhotes de peixes e em Plânctons de água doce. Além disso, as larvas de peixe expostas ao micro plástico, durante o seu desenvolvimento, têm o seu comportamento alterado e o crescimento retardado, aumentando o nível de mortalidade.

Seria o micro plástico o agente antropocêntrico que colapsará a vida na Terra? Não sabemos ao certo, mas seu potencial é tangível.

Se não bastasse tudo isso, o lixo plástico continua sua ação de consolidar-se como parte da paisagem. Os plásticos contidos nas praias estão sofrendo alterações químicas e físicas e tornando-se rocha. Uma nova rocha — o plastiglomerado.

O processo foi descrito da seguinte forma: Plastiglomerado é uma rocha feita de uma mistura de grãos sedimentares e outros detritos naturais (por exemplo, conchas, madeira) sendo mantida unida por plástico através da ação das intempéries, energia solar, por exemplo. Também pode se formar em regiões afetadas por fluxos de lava ou incêndios florestais e tem sido considerado um marcador potencial do Antropoceno.

O tempo não para. Nosso Planeta está colapsando de várias formas. Os sinais estão aí: mudanças climáticas, desmatamento florestal, extração severa de recursos naturais, poluições, aquecimento global, aumento significativo e insustentável da densidade demográfica mundial etc., e o plástico e micro plástico são formas terríveis de exterminar lentamente e silenciamente a vida da face da Terra — um ecossistema de cada vez.

Contudo, os consumidores podem mitigar suas pegadas ecológicas optando por produtos sustentáveis que não usam plástico em sua composição. Por isso, abandone, definitivamente, os plásticos de uso único (descartáveis).

Um canudo plástico é responsável pela mortandade de 1.000 espécies marinhas por ano. Em 2018, a produção de plástico alcançou a marca de 360 Milhões de Toneladas no Mundo, significando um aumento exponencial desde 1964, quando foram produzidos 15 Milhões de Toneladas (fonte: Ellen Macarthur Foundation).

E você? O que pode fazer para ajudar? Mostraremos como pode cuidar melhor do Planeta na próxima publicação. Aguarde.

Pense Positivo: Pense Ambiente Positivo!

#ABCsemPlastico

#EducacaoAmbientalparaTodos

#EscolasemPlastico

(1) Antropia é a ciência que estuda a chamada antropização, ou seja, ação do ser humano sobre o meio ambiente, tanto o biótopo como a biomassa. Também pode ser a ação, o ato ou o resultado da atuação humana sobre a natureza, com intencionalidade de modificação, independentemente do juízo de valor que se lhe atribua.

(2) O conceito “antropoceno” — do grego anthropos, que significa humano, e kainos, que significa novo — foi popularizado em 2000 pelo químico holandês Paul Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel de química em 1995, para designar uma nova época geológica caracterizada pelo impacto do homem na Terra.

 

Fontes:

Antropoceno: os desafios essenciais de um debate científico, Unesco;

https://plasticoresponsavel.continente.pt/plastiglomerado-um-novo-tipo-de-rocha/

http://bioterra.blogspot.com/2016/12/podemos-estar-respirar-microplasticos.html

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